sexta-feira, maio 31, 2013

Vagabundo...

Uma vez gritaram-me:
"Você tem que trabalhar!"
Em vez disso,
comecei a escrever.


Lucas Sales Viana

terça-feira, maio 28, 2013

"Se ela quisesse, se tivesse essa certeza..."

O celular tocou e eu o atendi:

-Oi. Ei, onde fica tua campainha? Você já está aí fora? Sim, mas eu queria tocar a campainha...

Ela riu, eu ri com ela e disse que já estava indo, que não precisava daquilo. Desliguei, procurei a chave entre aquela bagunça que já se formara na mesa. Ela tocou a campainha mesmo assim. Ri mais uma vez.

Parei de frente à porta, olhei pelo olho mágico e lá estava ela a segurar um par de livros, quando percebeu que eu estava a admira-la, chegou sorrindo próximo ao outro lado do olho e arregalou um daqueles lindos olhos que só ela tem. Grandes e brilhantes e escuros como duas jabuticabas bem lisinhas. Abri.

Dei-lhe um breve beijo, uma espécie de “boa-tarde, como você está?”, peguei-lhe os livros e a trouxe para dentro, ela correu para o nosso quarto, atirou a bolsa no chão e se jogou na cama ocupando a sua metade, não que ela só tenha uma metade, muitas noites ela toma a cama por completo. Cheguei depois, joguei os livros sobre uma cadeira, peguei sua bolsa e joguei sobre os livros. Ela deu leves tapas com a mão direita na cama e me chamou com um olhar como só ela sabe. Refém, deitei-me.

Ela me amarrou com seus braços e pernas, me deu um beijo de verdade, como se me dissesse, eu estava morrendo de saudades de você, seu idiota. Ela guiou minha cabeça para o seu colo. E a única coisa em que eu podia pensar era no quanto aquele par de peitos era melhor que o meu travesseiro. Fechei os olhos e deixei-me afogar por ali mesmo, depois de alguns segundos voltei a respirar e a sentir todo o cheiro que só ela tem misturado com o seu hidratante favorito, desodorante feminino, perfume doce, e um pouco de suor da caminhada feita até minha casa. Aquilo me excitou.

Afastou meu rosto e voltou a me beijar. Depois de uns três ou quatro longos beijos, voltamos a nos olhar e perguntei:

- Como você está? Ah, como eu precisava disso.

Pude ver toda a confusão que se passava dentro dela através daquelas duas janelas que ela tem. De repente começou a chover forte. Olhei para ela e voltei às perguntas:

- O que aconteceu, amor? Está tudo bem?

Fechou o rosto e começou a falar dos seus tormentos. Eu só a observava e buscava aprender algum detalhe dela. Interrompi-a com um pedido de desculpas. Desculpamo-nos pelas burradas que cometemos um a o outro. Ela me deu outro beijo e sorriu. Continuou com as tormentas e eu só ouvindo. Ajudei com os conselhos que eu pude dar, ela balançou a cabeça, deu outro sorriso e me fez um pedido:

- Fica de bruços. Pra quê? Fica!

E o que eu podia fazer? Ela é persuasiva de tantas formas, que não consigo descrever todas. Deitei-me como mandado. Estava sem camisa e vestia apenas um short. Ela se aproveitou disso, montou sobre o meu quadril e com aquelas mãos magras começou a tocar minhas costas de forma calma. Não sem antes tentar me dar uma chinelada na bunda, pressenti o golpe e escapei dele. Ela é sempre assim. Senti descargas passando por todo o meu corpo. Fechei os olhos. Limpei a mente. 

Ela continuou a me massagear, eu podia sentir suas quentes e macias mãos percorrendo as minhas costas. Os calafrios me corriam da nuca até os tendões dos tornozelos.  Como diabos ela consegue ser tão boa nisso e noutras coisas? Era o que eu conseguia pensar entre uma onda de calafrios e outra. Relaxei.

Ela terminou com beijos pela minha nuca e ombros de uma forma bem provocante e a passar seus cabelos lisos e negros por sobre minhas costas arrepiadas com tudo aquilo. Deitou-se ao meu lado e sorriu. Tudo que eu pensava era que não podia deixar essa mulher tão só. Olhei para ela e falei:

- Minha vez. Vire-se, agora quem vai fazer massagem sou eu.

Ela abriu um sorriso malicioso, apertou um pouco os olhos, levantou uma das sobrancelhas e soltou:

- Como? Eu estou toda vestida... Tira a blusa. Só a blusa? Não quer que eu tire mais nada? É, é melhor, você mesmo disse que estava com as coxas doloridas depois de todos aqueles exercícios. Vem, eu vou te massagear.

Levantei-me e fui buscar um dos tubos de hidratantes que já moram no quarto. Eu sabia que o toque grosso das minhas mãos calejadas sem um pouco sequer de hidratante não seria tão prazeroso para ela. Voltei os olhos para a cama e lá estava ela sem a blusa, só de sutiã preto que lhe apertavam e aproximavam os seios, e sem as calças, apenas uma calcinha delicada e colorida separava meus lábios dos dela. Não era hora ainda, pensei, primeiro a massagem! Afirmei isso mentalmente. Repetidas vezes.

Ela me deu outro olhar daqueles. Daqueles que te arrancam todas as ideias e te deixam apenas com uma. Foda-se o mundo, eu tenho que foder essa mulher. Não agora, vamos jogar o jogo dela, pensei em seguida. Logo depois reparei que algo estava errado:

- Você não está de bruços...

Ela sorriu, olhou para mim, arqueou as costas para frente, e num passe de mágicas lá estava ela me falando já sem a sua parte de cima:

- Por que você não começa pela frente?

Seu sutiã marcara toda a parte inferior daqueles lindos seios. Sentei sobre o quadril dela como mandado, derramei um pouco de hidratante na mão esquerda, esfreguei as mãos e deslizei-as pelos seus seios macios e quentes. Parte de mim queria lhe arrancar o resto de roupa que tinha, outra me dizia para continuar no jogo dela, continuei a jogar. Ela fechava os olhos na maioria do tempo e dava mordiscos no lábio inferior. Eu por vezes parei de massagear aqueles lindos seios só pra beijá-la sem pressa.

Levantei-me, peguei no seu quadril e joguei-a para o outro lado da cama. A bunda dela me encarava, assim como sua expressão maliciosa e extremamente convidativa. Encaixei-me outra vez sobre o quadril dela, encarei aquelas costas e aquela nuca delicada por alguns segundos. Abri o hidratante, derramei por todas suas costas e corri as mãos sem a menor pressa. Tentava sempre dosar o excesso de força, ela parecia gostar de tudo aquilo, sequer abria os olhos agora. A cada corrida, as mãos desciam mais e mais. Saí do seu quadril e sentei ao seu lado. Ela virou a cabeça para o meu lado, abriu os olhos e com um olhar meio triste perguntou:

- Por que você saiu de cima? Relaxa, apenas relaxa.

Dei outro beijo nela e disse para fechar os olhos. Ela obedeceu. Derramei mais um pouco de hidratante, só que agora eu mirava as covas das suas costas, aquele maldito par de covas me deixava excitado como um cachorro louco. Massageei seu quadril, e para cada corrida completada, as mãos desciam mais e mais. Ela entendeu o jogo, tirou os braços de sob o travesseiro pequeno que lhe apoiava a cabeça e baixou a calcinha até o fim da bunda. Tive apenas o trabalho levar sua calcinha até os seus pés, tirá-la e depois jogar sobre parte da cama vazia. Corri as mãos, com agora mais força, até suas linhas que separam a bunda das coxas grossas. Senti os lábios bem próximos aos meus polegares. Recuei.

Ajeitei-me mais para o fim da cama. Derramei hidratante do começo das suas coxas até os seus calcanhares. Ela achou por um instante que eu iria chegar logo a sua flor. Eu estava jogando agora o jogo dela. Paciência, mulher. As mãos correram, sem pressa, primeiro por sua perna esquerda. Eu agora apertava um pouco mais, um rastro vermelho era deixado pelos dedos sobre sua pele sensível e branca das coxas. Ela gemia baixo a cada passagem de mãos. Parei nos pés dela, passei um tempo massageando-os. Eu não tinha pressa alguma. Podia-se ouvir ao fundo o barulho da chuva, agora fraca, que teimava em cair naquela tarde.


Lucas Sales Viana

quinta-feira, maio 16, 2013

Por que não eu?

Lembra quando lhe falei há alguns dias que existem certas músicas que me fazem entrar num estado diferente de espírito. Nesse dia lhe contei das que me deixam ora triste, ora pensativo e ora até com um ar mais romântico... Então, me deixa contar o que acabou de me acontecer.
Cá estava eu concentrado a resolver a segunda questão de uma segunda lista daquela matéria que eu carinhosamente chamei de PQP sentado na mesa ao lado da do notebook. Para o meu auxílio, Jimmy Page admitia que a culpa não era de ninguém, só dele, cantava que o diabo estava lhe dizendo para fazer certas coisas, e que ele tinha um grande problema nas costas para resolver, e que mesmo assim a culpa era só dele.
Enfim, mesmo com toda a ajuda da minha banda favorita, perdi-me na confusão de incógnitas, equações independentes, sistema global, molar, lbm/h e outras tantas coisas que me vão ser pedidas amanhã bem cedo.
Pois quando menos vi estava eu a sussurrar certa música que escutei naquele dia sentado naquele banco recentemente pintado na cor marrom. Ao meu lado estava você sempre linda e com esses grandes e vivos olhos. Às nossas costas as fontes d’água ajudavam a relaxar o clima. Ao redor as pessoas passavam em roupas caras e caras esnobes, os seguranças daquela praça iam e vinham, boné, colete e feições sérias.
Quase ao nosso lado aquela banda tocava alguns clássicos rocks brasileiros, enquanto as pessoas que estavam sentadas ao restaurante pouco ligavam para esse simples momento, tudo que queriam era falar sobre trabalho, ou mal de alguém, ou outra coisa qualquer. E você seguia ali, ao meu lado, cantando bem baixo, como se fizesse um show particular para mim.
Eu sorri feliz e lhe falhei sobre como iríamos criar nosso guri, eu daria aulas de rock britânico durante os passeios de carro, você cantaria Renato Russo, Leoni e Cazuza pondo ele para dormir. Você sorriu mais ainda e continuou a cantar a mesma música que eu cantei agora há pouco.
“Por que não eu? Ah! Ah! Por que não eu?”
E dessa música eu retiro uma parte que resume bem a razão de eu escrever:
“Eu vou dizer aquelas coisas, mas na hora esqueço...”
Queria poder contar mais, mas tenho que achar uma saída para o problema.


Lucas Sales Viana