domingo, agosto 29, 2010

(Bom) Dia Incomum.

E lá vai ele. Óculos de sol, camisa com estampa, calça jeans, chinelo qualquer e com um LP na mão. Aniversário de um amigo, presente meio grego, um disco com músicas toscas encontrado numa antiga vitrola. Chega ao destino, entra, conversa com o aniversariante da semana. Esperam pelo resto do grupo assistindo a um programa qualquer.

Aos poucos vão chegando, a advogada, os irmãos, a enfermeira e a estudante. Uns refrigerantes gelados, um papo morno e uns salgadinhos quentes. Você tá de calça jeans? É, resquício de um passado não muito distante. Não quero ficar aqui. Vamos para um bar? Sim, vamos. Os três num carro e as quatro em outro.

Uma dificuldade tremenda um dos carros passa para realizar uma manobra quase irreparável, um do grupo salva a motorista, estava cansada, é aceitável. Um babaca com sua puta particular aplaude. Sentados à mesa, uns bebem, outros não, o papo ainda morno, uns falam da vida alheia, outros também. Garotos fortinhos, carros da mesma marca e, às vezes, do mesmo modelo, música de pouca ou nenhuma qualidade e um jogo de merda na televisão.
Vamos tomar sorvete? Sim.

Os três no carro, uma música toca na rádio e o automóvel balança de um lado para o outro. Um momento de total insanidade interrompido pelas moças do outro veículo. Olha, estamos ouvindo a mesma música. Legal. Todos à sorveteria. Moça, como é um simples? Uma resposta cavalar é dada. Idiota. Eu quero um de laranja com limão, eu, um de cajá. Uma pede um de cor marrom. Vem aqui no meu carro para eu te mostrar uma coisa. Você viu a revista da Cléo? Só pela internet. Viu, essa é a minha camisa nova? Muito bonita. O papo, finalmente, flui. Vamos para a casa da enfermeira?

Sentados à beira da piscina, uns ouvindo músicas em aparelhos eletrônicos, outros conversando qualquer coisa. Onde está a dona da casa? Foi cuidar do filho, ela volta já. “Me passa” o Mentos? Vai comprar. Vocês deviam fazer igual à Kate. Ela gostou. Como “tu” consegue fazer isso? Só depende de onde ela bate no teu pé. Eu só consigo fazer um. Enrugou até a alma, espera aí. A conversa se estica por uma hora, talvez duas, sempre ao som de risadas por vezes controladas por outras nem tanto.

Alguns se despedem, quatro para ser preciso, os irmãos, a estudante e o aniversariante. Sobrando apenas aquele, a enfermeira e a advogada sentados na mesma cadeira. O assunto muda, fica mais sério, mas com algumas risadas quando se fala das crianças e de suas experiências. Os pais chegam, a advogada se vai, logo depois aquele também. Tua sexta é livre, pois vamos marcar uma praia? Apareça mais vezes. E mais um dia (noite) incomum termina.


Lucas Sales Viana

sexta-feira, agosto 27, 2010

Meu primeiro título em português.

Como escrever um texto.

Primeiro você deve ter um papel. Depois, uma caneta. Tem mais umas duas ou três coisas e por último, mas bem no final, uma ideia sobre o que deverá ser escrito. (Se você quiser ficar rico, o meu texto termina aqui).

Curioso, não é?! A ideia, pela ordem, parece ser o item de menor importância.

Mas na verdade, pra escrever, tem que sair de dentro de você, do seu cérebro, do seu tórax ou do seu pênis (ou vagina se você for mulher). Fale sobre o que você acredita, sobre o que você sente, não importa onde, se num papel, numa cadeira escolar, num muro da rua ou no chão de uma faculdade, não importa com o quê, se com uma caneta, um canivete, um pincel ou um simples giz branco.

Apenas cuspa essas palavras que ficam rondando a sua cabeça, que ficam batendo ao seu ouvido enquanto você come o seu lanche, enquanto joga, ouve uma música, toma um banho ou só tenta dormir, o que é a pior de todas as cenas. Apenas grite, bem alto se quiser, quando o seu coração pula ao ver aquele menino bonitinho, ao ver seu cachorro, aquele que sumiu de casa e que, só depois de uma semana, você conseguiu achar, ao ver sua irmã distante, ou sua mãe que, mesmo depois de velha, ainda se lembra do seu nome. Quanto ao seu órgão sexual, apenas satisfaça o desejo dele, pronto, ele já ficou feliz.

Feliz, é isso, meu caro, é tão simples ser feliz e, ao mesmo tempo, parece ser tão complicado.

PS: Eu não sei como escrever um texto.


Lucas Sales Viana

terça-feira, agosto 24, 2010

Un Angelo.

Cabeça roda, pensamentos pulam, ideias platônicas surgem. E amanhã? Como irei conseguir acordar cedo? Levanta. Acende luz. Ofuscado procura por alguma droga que o derrube, qualquer coisa. Nada. E agora? Uma hora da manhã! Só me resta contar carneiros... Não, vou ler algo. Na terceira linha leva um banho de pensamentos. Olha! Um bom. Outro! Esse é ruim, não, melhor não.

Um assunto mal resolvido. Apenas isso. Como resolver? O que devo fazer? Um(a) simples anjo de harpa leva uma enorme desvantagem no combate a milhares de diabos enfurecidos com seus forcados em chamas. É transportado para cenas passadas, tenta achar A falha. Expressões denunciam o que irá acontecer. Eu preferi ignorar, minha culpa.

Como que por milagre divino, o guerreiro celestial, num ato final, une todas as suas forças e, acompanhado da harpa, despeja palavras hipnóticas:

Foda-se! Vai dormir.

E ele dorme.


Lucas Sales Viana

domingo, agosto 22, 2010

O amor é um inferno.

O que é o amor?

Depois de uma longa reunião regrada a uma mistura de vinho barato, alimentos industrializados, jogos amorais e uma trilha sonora escolhida a dedo, quatro jovens dentro de um quarto decidiram que o amor é uma grande bosta.

Eu, namorar, nem tão cedo, eu não vou amar mais ninguém. Ponto pra os solteiros, toca aqui. No final tudo se resume ao sexo, já dizia Freud. É, meu caro, é a seleção natural, eu devo espalhar minha genética não importa com quem, encher o mundo de pequenos cabeçudos. Brigamos constantemente, por qualquer coisa. Caralho, perdi meu anel. Depois “tu” pega. Na Vitrola, Balão Mágico.

Horas se passam, argumentos dos mais infundados possíveis são defendidos como uma verdade absoluta. Ataques pessoais a não presentes são feitos à boca cheia. Risos e mais risos. Luzes apagadas, luzes acesas, luzes apagadas, luzes acesas, luzes apagadas. Porra, meu copo esvaziou, volto já. Ao fundo, Cazuza grita suas verdades. “Bota” baixo pra gente poder conversar.

Eu aprendi massoterapia. Ah, eu conheço. Deita de bruços. Eu também sei fazer massagem, vem aqui. Sai fora! Eu tenho cócegas. Não é massagem, mongol. Você está excitado? Não, estou relaxado, é diferente. Você tem cócegas? Tenho. Risos incontroláveis soam como música. Minha mãe, hora de ir para casa.

É, no final, o amor é uma droga. É muito ruim você conversar com alguém, se abrir e falar o que realmente pensa, sabendo que ela está lá, te ouvindo com toda a atenção. É muito ruim você ter um ombro onde chorar, um par de pernas onde pode recostar a sua cabeça para receber afagos. É muito ruim você pensar que sempre tem alguém a sua espera. É muito ruim você acreditar que serão felizes para sempre, chega a ser ingênuo. Ingênuo? Idiota, né?! Sejamos solteiros, companheiros! (olha aí, até rima tem!)

Mas lá no fundo, talvez, o que eles queriam era só dizer aos seus parceiros e parceiras:

Estamos bem?

Ou talvez fosse só um reflexo da mistura.


Lucas Sales Viana

sábado, agosto 21, 2010

The real deal.

Um dia você aprende que o segredo pra ser feliz não é fazer o que os outros te dizem, mas sim o que o seu coração diz. Você aprende que ser feliz custa caro, o mundo não quer isso de você, ele quer te destruir, quer ver até onde você aguenta e você, sem saída, por vezes, acha mais fácil baixar a cabeça.

Que se foda a porra do mundo. Corra atrás do que você realmente ama, mate-se, não literalmente (a não ser que no processo você a encontre), se preciso for, não perca a chance, talvez única, de ser feliz. Ele não costuma ser generoso como vemos nos filmes.

A felicidade não está nele ou naquele, nisso ou naquilo. Está em você, trancada em algum lugar escuro, sujo e com algumas teias aí dentro, somente.

Sem mais. Dormirei.


Lucas Sales Viana