Homens não são tão diferentes de mulheres quando se fala de amor. Os dois são capazes de amar, os dois amam, ou amaram, ou amarão alguém em algum momento. A diferença se dá na forma que cada um lida com tal, e, quando se trata de sentimento, nós costumamos ser terríveis.
Quero dizer, não somos preparados para isso, criam-nos de uma forma, quase sempre, de agir fria e insensível, como se fossemos superior a qualquer tipo de sensação, medo, amor, alegria, tristeza, ódio e todos os outros. Crescemos dessa forma, aceitamos essa forma, tomamos como verdade.
E, então, um dia, nos encontramos numa situação de pânico, isso mesmo, pânico. Começa com um simples interesse, algo que não se pode explicar, que flui, acontece. Conhecemos, essa se mostra interessante, pegamos o telefone, ligamos, saímos, ficamos e ficamos e ficamos e depois de um tempo, nesse caso em específico, arriscamos a nossa ‘reputação’ ao pedi-la em namoro. Afinal, qual ‘homem’ quer ouvir o seu nome relacionado a um insucesso amoroso? Qual suportaria tal ‘vergonha’?
Eu me pergunto sempre, os casos de interesse à primeira vista como acontecem? (Eu usaria o termo ‘amor a primeira vista, mas não se encaixaria no nosso mundo, somos menores que as mulheres, incapazes na sua quase totalidade de perceber quando uma mulher corta o cabelo, quem dirá o Amor) Aqueles em que você apenas olha para os lados e encontra, por sabe se lá qual razão, uma garota que desperta você dessa inércia emocional e te faz ao mesmo momento entrar em uma espécie de frieza pré-programada, um subterfúgio aos sentimentos, numa tentativa vã de, naquele momento, não demonstrar tal interesse... Meu estimado amigo, eu lhe digo isto, não podemos, não conseguimos, elas sempre percebem, elas são sensitivas por natureza, sentem nossa insegurança, indiferença e o nosso ‘interesse’, somos péssimos a esconder sentimentos, nós sabemos disso.
Mas nós somos homens, pensamos como homens, agimos como homens, corremos atrás, no começo de forma discreta, procuramos por algo em comum, um assunto em comum, um amigo em comum, um local em comum, qualquer coisa que nos possa colocar mais perto do nosso ‘alvo’. Com sorte, conseguimos fazer com que ela mostre que já nos percebeu, afinal ela já sabe do nosso interesse desde o primeiro contato. E isso nos encoraja ao próximo passo, marcar um encontro. Encontro, conversa e, com mais sorte, um beijo dessa.
Corremos para nos vangloriar, provocar os concorrentes que possam vir a ter, responder aos amigos que nos desafiaram e inflar nosso ego já tão pouco inflado. E quanto a ela? Eu não sei. Talvez ela fale para a amiga, talvez ela mostre às concorrentes, ou talvez ela apenas guarde para si aquilo, mulheres são ótimas em guardar tudo, e bem guardado, de um simples lápis a um futuro amor.
Continuamos no roteiro, ligamos no dia seguinte, ou no dia após o dia seguinte, para aqueles que não querem mostrar que estão desesperados, quando na verdade estão, apenas não admitem isso. Conversa e uma promessa de um novo encontro, com sorte. E um novo encontro e uma nova conversa e mais beijos e o resto. E o roteiro começa a fluir. Completamos com um pedido de namoro. Esse é o problema.
Namoro não é o fim de tudo, não deveria ser, ele é a continuidade, uma fase, um momento, enfim, nos ensinam de forma incompleta, o nosso caderno não tem todas as folhas, a última folha seria o fim. Desde então nos acomodamos, esquecemos o outro lado, voltamos a olhar para o nosso umbigo e vemo-lo aumentar junto com a nossa barriga e barba e incapacidade. Não queremos parecer maleáveis aos nossos amigos, não admitimos a importância da garota, da namorada, companheira. Esquecemos o que ela representa.
E começam as brigas quase sempre por atenção, elas pedem por nossa atenção por que abriram mão dos interesses dela por acreditarem nas nossas palavras e nossas promessas, acreditaram em cada frase cuspida por nós, viram em nós algo diferente dos outros caras, viram o futuro. Eu já disse pra vocês que elas são boas nisso, meus amigos? Noutros casos, elas se decepcionam de uma forma tal conosco que acreditam não valer sequer uma conversa, apenas se afastam, não querem se machucar ainda mais por nossa causa.
Por sorte, como gostamos de bradar aos amigos com uma garrafa de cerveja na mão dentro de um bar ou boteco ou botequim, no caso dos mais antigos, nos livramos daquela louca. Acreditamos nisso por duas ou três semanas, mas não mais que quatro. Não incluímos nesse período as vezes que ligamos ou mandamos mensagens, logo depois apagadas do registro do celular, para ela, pedindo na maioria das vezes bêbado pela volta dela. Ela não aceita, ou não responde, não a culpem, não sabemos o que passa na linda cabeça da nossa garota, não nos dedicamos a ela, não abrimos mão da nossa arrogância para gastar um pouco das nossas preciosas horas gastas em videogames, futebol, bebidas e outras merdas ouvindo-as, sentido-as, amando-as. Temos sorte, não?!
Decidimos sem escolha então seguir em frente com a ideia na cabeça de que terão outras, milhares de outras, somos o máximo, somos os melhores, não precisamos dessa ou daquela, podemos ter qualquer uma, e seguimos... Até um dia em que admitimos finalmente que algo incomoda, estamos infelizes, mesmo tendo uma casa, um carro, um bom trabalho, talvez uma namorada, ou noiva, ou esposa e alguns filhos. É quando paramos, pedimos por um tempo, que soem o gongo para que possamos sentar por um instante e raciocinar por nós mesmo, sem amigos, sem garotas, sem nada, apenas nós. E lá está ela, uma caixa empoeirada escondida, quase perdida, numa gaveta velha dentro da gente. Andamos até lá, batemos a poeira e com uma grande puxada de ar abrimos a caixa, e não tem aquela ou essa garota dentro, tem o nosso amor, um rosto, um nome, um cheiro, um sorriso.
Lucas Sales Viana
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