sexta-feira, dezembro 04, 2015

Sobre tudo que deveria ter sido feito

Eu deveria nunca ter entregue a primeira carta. Eu deveria nunca ter recomeçado a escrever nesse escracho virtual.
Escutar mais, isso ainda me falta. E, apesar de tanto observar e ler os cenários, falta a este bêbado de quinta categoria a coragem do dia seguinte. Aquela que nos prometemos todas as noites antes do primeiro sono. Aquela vã promessa de que amanhã será diferente.
Beber mais, nisso eu já ando trabalhando... Os cascos que se acumulam vazios à medida que me embriago e insisto a escrever resumem os últimos meses. A falsa promessa de alegria engarrafada é o meu “cala-te boca”.
O que mais não temos de falso? Quem seria falso o suficiente para atirar a primeira pedra? Você ou eu?
Um ano longe desse rascunho/projeto de livro me fez perceber o quão estúpido e arrogante eu sou, o quão ingênuo e piegas eu era e por vezes finjo ainda ser.
Ainda me falta um longo caminho para chegar em casa.


Lucas Sales Viana



sábado, novembro 21, 2015

Um brinde ao que não voltará...

"Você está linda!" Eu nos últimos tempos insisto em esquecer de dizer o óbvio, talvez por desleixo, ou por frouxidão, ou por ter essa característica natural de ser acomodado/esquecido.
Desleixado eu sou! Veja só o tempo que eu fiquei longe desse maldito blog, mais de um ano, sem um mísero olá. Desculpas à você e ao blog, afinal muitos desses textos são frutos de momentos ao seu lado, e você sabe disso.
Cá estamos longes outra vez, eu aqui bêbado insone, você aí agarrada à cama, talvez até já sonhando.
Enfim...
“Você é linda!” Todas as fotos e homens já falam isso, é o raso, o superficial, o fácil de ser visto. Se eu pudesse te elogiar agora (tarde demais, Lucas) seria algo arrebatador, daquelas observações que só o meu velho eu era capaz de romantizar.
Algo como:
“Eu nunca deveria te deixar partir, te ver saindo, indo embora, sem sequer te puxar para perto de mim, sem te dar um último beijo, e te lembrar o quanto eu sou louco por ti, o quanto estar contigo me faz bem, rir das besteiras, olhar pros teus olhos e me perder nessa imensidão de sentimentos e sonhos...” AHHHH Foda-se!
Sonhar com você na mesma noite que nos separamos é algo rotineiro, perturbador e amargo. Acordar sozinho nessa cama com a imagem dos seus grandes e lindos olhos me fitando e sorrindo pra mim me enlouquece. Eu me apaixono cada vez mais.
Quase tudo é de se lamentar, as chances perdidas, os caminhos errados e as distâncias desnecessárias que nós mesmo nos impomos. Tudo é de se olhar para trás e sorrir um sorriso nostálgico, ansiando por algo que talvez nunca volte, por aquela oportunidade desperdiçada, aquela que poderia ter mudado tudo...
Mas, nem todas as flores estão mortas, veja só você, voltei a escrever, para sua felicidade e minha má sorte. Depois de tanto ouvir o quanto você gostava de ler as minhas palavras, quase sempre ébrias, e sempre sem sentido. Com a falta de talento usual e a despreocupação gramatical inata eu voltei a escrever. Aquela espontaneidade tola e vazia, a sinceridade escrota e direta e a confusão literária usual ganharam a companhia de um amor velho, magoado e alcoólatra.
Vamos às camas, você à sua, eu à minha.
Amanhã, ou depois, leia isto sabendo que foi para você. Mesmo não tendo lhe dado um simples boa noite, perdoe esse jovem embriagado, com tendência ao romance dramático, que se esquece do básico.


Lucas Sales Viana