quinta-feira, setembro 01, 2016

Quatro de Dezembro de 2015.

Uma pequena lembrança irrisória que jogo a pretexto pra atualizar esse "diário":

Cheguei em casa, plena quarta, ébrio o suficiente a me permitir escrever qualquer coisa fora o livro, não que eu tivesse a intenção de escrever, mas fui dragado por aquela lembrança ao escutar uma música dos Selvagens que já ouvira a tempos. Toco uma vez, pela segunda, e na terceira volto e lembro-me de Rubem Alves. Não me pergunte o porquê.

Rubem me foi apresentado graças ao desinteresse da primeira namorada que tive por sua escrita, doou-me um livro que à época era de leitura obrigatória no colégio. Ela odiara, já eu... Escritor espetacular e de palavras sinceras. Anos depois resolvo, após encontrar essa obra perdida numa das minhas grandes bagunças, comprar outro do mesmo escritor, afinal um só nunca é suficiente.

"Pensamentos que penso quando não estou pensando", o título me chamara a atenção, e graças a minha superficialidade e habilidade em julgar os livros por suas respectivas capas decidi adquiri-lo. Sorte a minha.

Rubem mais uma vez me surpreendera, e apesar da pouca maturidade para absorver tudo o que ele tentava me passar, guardei o que pude na lembrança. Eis que hoje, sabe-se lá por que diabos hoje, entra então a característica mais intrigante que a vida nos oferece, aleatoriedade de eventos.

Aleatoriedade essa o suficiente para disparar esse trecho na minha lembrança, para convencer-me a voltar a esse diário virtual que cada dia mais perde o sentido de existência.

Cada verso da música ecoando na minha cabeça ia contra a cada palavra escrita sabe-se lá em qual página de Rubem. E mesmo antagônicas, só agora me fazem sentido.

Aquele senhor uma vez me disse que o sentimento da saudade era a nossa essência sussurrando-nos aos ouvidos aonde deveríamos ir. Os Selvagens me confessavam o trágico, o "não" mais doloroso, o próprio "não" ao amor impossível, àquele amor que fomos, ou seremos um dia, todos reféns, aquele que nos escapa.

No final todos temos a razão, ou melhor, ninguém a possui. Racionalizar tal sentimento, cada vez mais raro, mas não tão complexo, tentar expressá-lo em palavras, enquadrá-lo num binômio é tão mais desnecessário quanto vivê-lo. Vivam-no. Aceitem-no. Para o amor, não há certo ou errado, há somente de ser verdadeiro.

Lucas Sales Viana

Nenhum comentário:

Postar um comentário