domingo, maio 15, 2011

Você me diz o que fazer agora.

Um mês de quase silêncio. Olhando e ouvindo e pensando. Já nem sabia como começar aquilo, ainda tentava colocar ordem às ideias, quem nunca passou por tal situação? Não sabia o que escrever. Um conto, uma crônica, uma carta, talvez nada sairia dali além de um simples texto, um punhado de frases organizadas em parágrafos que contariam algo novo ou velho ou que ainda iria acontecer, ou não...

“Você, depois de tanto tempo, apareceu no meu sonho e isso, pra começar, já é no mínimo estranho. Éramos você e eu e um quarto e uma cama, em pé estávamos, você, agarrada ao meu pescoço, suspensa com as pernas entrelaçadas em minha cintura e nossas bocas bem próximas, talvez estivéssemos nos beijando, ou apenas sussurrando algo ao outro. Eu me lembro de falar algo e de você abrir os seus lindos olhos e mirar os meus. Aquilo foi tão forte e único que me fez acordar, eu não consegui pensar em nada por um instante, a imagem projetada à minha frente dos seus olhos ainda fitavam os meus.

Levantei-me depois, era hora do almoço, a noite anterior havia sido interessante. Toda a rotina de um sábado morto eu fiz. Eles continuavam ali, quando eu olhava para o lado, eu era preso na confusão do seu olhar, e eles me diziam tudo e me diziam nada, tentava me organizar e sair daquela bagunça de sentimentos e sensações... eles continuam aqui, agora, me confundindo e contrariando e mostrando algo que nunca tinha percebido antes.

Não é sua voz, nem sua forma de andar, nem seu cheiro, nem seus longos e lisos cabelos, nem seu corpo, nem sua cara quando está com raiva. O seu olhar me desconcerta, me tira a máscara e me faz silenciar...”

E a culpa disso tudo era dele, ele se deixou levar mais uma vez.


Lucas Sales Viana

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