Ele pensava em tudo que já falara para ela e o quanto não gostava das despedidas e de toda a dificuldade que ele tem em se despedir dela em especial. Por mais que passassem horas juntos num dia, ou horas ao telefone ou até mesmo pelo skype, em todas as vezes que precisava se despedir não conseguia fazê-lo tão fácil.
E enquanto ouvia uma música depois de terminar uma ligação dela percebeu aquilo, aquele incômodo de toda despedida e então soube explicar e falou ali mesmo, sozinho, ninguém para ouvir além dele, ela já estaria deitada, ou buscando um copo d'água, ou escovando os dentes antes de ir à cama...
Ele via na sua frente em filme tudo que já acontecera a eles, todos os empecilhos, todas as discussões, os desencontros e então todo o esforço dos dois para se reconquistarem em oportunidades diferentes. O dia em que a viu pela primeira vez na frente daquele colégio. O dia em que ela educadamente o dispensou. Os dias em que ele bem depois tentou voltar a falar com ela e a chamar para sair que lhe renderam lindos 'bolos'. O dia em que ela lhe foi sincera como nunca e como ele ficou em choque. O dia em que ele de forma estúpida a dispensou. As semanas em que ele ficou louco ao perceber a merda que fizera. Os meses em que ele passou para tentar reconquistar aquela que era a melhor de todas. E todos os dias em que ele não deixa de pensar em como conquistá-la mais e mais.
E a música acabou, olhou para aquela aliança na mão direita e lembrou daquele dia, reiniciou a música e continuou a lembrar e então sabia o que escrever, encontrara um pouco de água naquele poço quase seco.
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E depois de tudo que já passamos nesses dois anos, desencontros, encontros, e então isso. ISSO! Finalmente vimos o quanto somos importantes para o outro, o quanto nos amamos, o amor que construímos nesses meses juntos é algo único, algo que eu nunca tive e nunca dei, verdadeiro, mágico.
E só tem uma coisa que me incomoda nisso tudo, me despedir de você, ouvir você se despedindo no telefone, ver você saindo dos meus braços, seus lábios indo noutra direção dos meus, você abrindo a porta do meu carro e saindo por ela, ver você saindo pela 'nossa' porta. E a cada dia eu sinto nosso amor crescer. E toda vez que você passa por aquela porta, um medo bobo me corre a espinha, de não te ver, nem te abraçar nunca mais. Só fique comigo mais um pouco, quero nossos sorrisos alegres em frente ao nosso espelho mais uma vez.
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Lucas Sales Viana
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