.
.
.
Furioso. À porta, ele espera pelo momento. Parabéns pra você... É pique, é pique... Com que será, com que será... Feliz aniversário. Som de campainha tocando. A porta se abre, ninguém. O aniversariante sai da casa, segue pelo caminho de pedras até o jardim lateral. Enxerga um vulto sentado. Quem é? Sou eu, amigo. Você veio, cara, estou tão feliz. Levanta-se e, sem rodeios, acerta em cheio o maxilar do outro. Sangue e cuspe e dentes. Um som relaxante (apavorante) de ossos quebrados é abafado pela conversa da casa. Vai ao chão.
Tenta gritar. Tosse, engasga-se com o sangue misturado ao cuspo. O que eu fiz, pergunta. Estamos quites, amigo. Deitado, olha o vulto se afastando, perdendo-se entre a névoa noturna, apaga. Desconfiada, a casa procura pelo aniversariante. Ele, seguro, apenas observa o desfigurado, as pessoas à sua volta. Esboça um sorriso ao ver a expressão de terror nos olhos dos outros. A mão dói um pouco. Salva um meio cigarro aceso no chão, dá um trago e segue pelos ladrilhos da rua, desviando sempre dos rastros deixados pelos cachorros.
Lucas Sales Viana
Lucas Sales Viana
Nenhum comentário:
Postar um comentário