terça-feira, dezembro 07, 2010

Um começo...

Em algum posto dessa estrada parei e entrei e peguei uma garrafa d’água e sentei no banco lá de fora. Vestia-me mal, a barba me irritava, o sol me irritava e aquele calor me irritava, o bater dos ponteiros do meu relógio me irritava. Joguei aquilo longe, o silêncio foi bom.

Eu acabei com aquela água, paguei e continuei andando. Para onde? Para onde a estrada apontasse, o sol corresse e o vento soprasse, para onde fosse longe de mim.

Eu deveria olhar para trás e voltar e morrer lá, mas algo em mim me dizia não para toda essa merda.

Eu não sou um filho da puta, não tenho filhos, nem esposa, ainda tenho mãe, pai e alguns parentes vivos e velhos. No final das contas, eu tenho a mim, somente.

Eu não quero a sua pena, nem o seu perdão. Não espero que me tenha empatia ou qualquer outro tipo de sentimento. Quero que me ouça, ouça um pouco da minha estória, algumas das merdas que cometi, só então, eu quero que me julgue. Você será o meu carrasco, ou o meu salvador. Vai olhar e analisar e sentir. Vai bater o martelo. “Você é um filho da puta!” ou “Você não é um filho da puta!”. 


Lucas Sales Viana

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