terça-feira, dezembro 18, 2012

Hohoho!


...Então 
Feliz Natal, minha linda senhora.

Esse sou eu já estragando uma folha do seu lindo presente, ou pelo menos essa era a intenção, quero dizer, a intenção é de lhe dar algo especial, único, e não de estragar um pedaço dele. Espero que você tenha achado um ótimo presente e que não fique chateada ou frustrada por mais uma carta. Esse sou eu, o “carteiro”.
Enfim...
Sabe, eu olho para você a cada dia e vejo algo incrível. Cada vez mais eu me apaixono, cada vez mais eu me sinto envolvido por você e por essa sua mística. No final do dia é como se eu nunca visse um fim disso, e eu espero nunca encontrar o nosso fim.
Faz pouco tempo que eu contei a uma amiga toda a nossa estória, todos os nossos encontros, desencontros, e o resto. E algo ia acontecendo enquanto eu narrava, eu ia sentindo mais uma vez toda aquela magia que nos envolveu. Como eu lhe ‘vi’ numa foto qualquer, como você deu o primeiro “oi”, como fluíam nossas conversas virtuais e como eu me sentia conectado a minha outra metade.
Como e onde nos encontramos pela primeira vez, como eu fui precipitado ao lhe pedir em namoro, como você fugiu, como o tempo passou e nos afastamos, como tentamos nos reaproximar e como quase outra vez nos perdemos.
E então eu me lembrei do quanto eu estava fodido àquela época e o quanto lhe fiz sofrer por isso. É verdade quando eu lhe digo que você é a mulher que encaixa, é a garota, no final das contas, por quem eu sempre procurei nessa minha curta estória de vida “adulta”. Eu sou um cara antigo, daqueles que acreditam só ser feliz com alguém ao lado, e quando eu digo feliz, eu digo feliz por completo.
Você pode ser feliz por certo tempo, enquanto compra um par de sapatos novos, ou come um sorvete de um sabor que há muito tempo não comia, ou enquanto assiste uma pessoa levando um tombo logo a sua frente. Mas não é essa felicidade que todos nós procuramos, ela é temporária, no final, o que nós realmente queremos é alguém que seja tão feliz conosco, como nós somos com ela.
A felicidade de acordar ao lado dela e vê-la tão perfeita e linda, mesmo sem maquiagem. A felicidade de tomar um sorvete com ela e sujar o seu nariz por pura diversão. De caminhar pela praia com ela ao som calmo das ondas quebrando e do brilho das estrelas e da lua. De sentir na pele todo o amor que ela sente por você enquanto ela lhe esfrega as costas com uma escova de banho, e o quanto isso é dolorido para você, porém divertido para ela.
Essa é a felicidade que eu tanto procurei e tanto precisei, e que vou precisar para toda a minha vida. Essa é a felicidade que eu quero te dar e tento ao máximo.
Você é a única, você é a melhor, você é a mulher que me faz reacreditar em tudo aquilo que eu perdera a fé. No amor, no verdadeiro amor. Na felicidade que anda de mãos dadas com esse amor. Na bondade e capacidade de se doar das outras pessoas. Fez-me ter planos para o NOSSO futuro... E, ultimamente me fez acreditar em algo que eu acreditava ser puramente comercial, no espírito natalino.
Então é basicamente isso
Em poucas palavras, você pegou um cara destruído e destruidor de sonhos, um cara que não acreditava mais ser uma boa pessoa, aquele que sentava sozinho em frente a um computador numa noite sombria e solitária e bebia meia garrafa de vodca para dormir feito um macaco bêbado, e só assim conseguir dormir. Você perdoou todos os meus pecados, ou pelo menos os aceitou, e me amou mesmo assim, me ama mesmo assim. No final da noite, eu hoje coloco a cabeça no travesseiro e penso comigo. “Você é, e será, a mulher da minha vida. Você me faz sentir melhor.” E por isso eu sou eternamente grato e lhe tenho todo o meu amor e todo o resto que eu puder lhe dar para todo o sempre.
É isso afinal.
UM ÓTIMO NATAL!
E que papai Noel me dê o melhor presente que eu consigo imaginar, uma vida ao seu lado.

Com a mão dolorida e o coração sorridente eu termino essa ‘carta’.
Do seu,
Lucas Sales Viana

P.S.: Eu tenho sempre essa sensação de nunca consigo falar tudo em uma só carta. De sempre estar faltando um pedaço de algo. Talvez você precise passar o resto da sua vida comigo para conseguir tudo. Bom, pelo menos eu quero passar o resto da minha vida com você tentado te desvendar. Então o que me diz?
P.S.2: O primeiro post scriptum ficou grande, você não acha?
P.S.3: Eu acho que não havia necessidade do segundo e nem desse p.s., mas enfim, deixa assim.
P.S.4: Eu te amo! Esqueci-me de escrever isso na carta, mas não poderia arriscar que isso ficasse entre nuvens para você. EU TE AMO, e muito!
P.S.5: O ps 4 é importantíssimo, este não.

domingo, novembro 11, 2012

E aqui eu postaria um título para um outro texto aqui...

... Mas definitivamente, pelo menos eu acredito ser em definitivo essa decisão, não vou colocar. Fica no rascunho. Talvez ela fosse lê-lo e pensaria errado sobre mim mais uma vez, talvez ela lesse e achasse tudo lindo, talvez ela leia, como vai ler isso daqui, e caminhe pela rua errada. E pensando nela eu me recuso a isso. Egoisticamente eu me vejo nela, não aguento, nem aguentaria, vê-la triste, me parte o coração de uma forma única. E jamais me perdoaria por isso. Então prefiro ficar assim. É o dilema que, acredito eu, todo cara passa na vida, escrever nem sempre é claro, e como ser claro sobre algo sombrio, confuso? Você apenas tranca e calça a porta. e caminha para o outro lado.
Quer uma dica para vida?
Lembre-se de usar o sorriso, nunca esqueça de se vestir com um antes de sair.

Lucas Sales Viana

Ps: Esse blog tá morrendo por aqui, espero que por definitivo.

segunda-feira, novembro 05, 2012

"Quem quer viver para sempre?"

Para você,

Então é isso que você queria? Um outro texto, você sente falta deles? E me pegunta o porquê de não mais textos eu fazer... Não é assim que se anda, querida. Não ache que esse será igual aos outros, talvez eu esteja enferrujado, talvez eu esteja sem inspiração, um texto sem inspiração, não seria um texto. Apenas um punhado de palavras organizadas.

Então é isso que eu estou fazendo, enrolando e procurando por inspiração. Mas não fique a pensar que não tenho nada a falar, tenho tanto aqui, mas tanto, que não sei por onde começar. É uma característica minha e dos meus muitos textos, não saber de onde sair nem para onde vai chegar, mas acaba indo, de uma forma ou de outra.

Então é isso que eu talvez faça, um texto, uma crônica, um conto, um pequeno romance, ou um punhado de rimas. Mas como eu vou saber como escrever? Será que você saberia me dizer? Será que eu falaria sobre mim, no meu mais lirismo egoísta? Ou sobre você, numa mais profunda escrita romântica? Ou eu inventaria algum personagem? Ou apenas jogaria o papel fora e cairia na cama sem conseguir dormir?

Então é isso que eu farei, mais um pouco de palavras, sobre mim, sobre você e sobre o que mais passar pelas ideias agora. Mas não sobre mim quero falar, nem acho que deveria falar sobre você, tampouco sobre as ideias que martelam forte enquanto eu tento dormir em vão.

E já chega de 'então é isso', não era isso que eu queria falar, mas a preguiça me impede de amassar e pegar outra folha, ficando assim essa. Ou seria exatamente o que eu queria escrever? Ou será apenas mais um personagem de tantos outros que 'vivem', alguns forçosamente, tentando aparecer? E assim se chega ao fim, uma noite de meia-lua, um rock clássico triste, e uma certa saudade.

Mas eu queria escrever mais, não hoje, nem amanhã, e talvez nem no próximo mês, mas definitivamente daqui a nove anos. Quem sabe amanhã eu começo a escrever um livro. Podemos dizer que isso se tornou uma carta afinal.


Lucas Sales Viana

quarta-feira, agosto 01, 2012

A garota com olhos de jabuticaba.


Cap. 1

E quando voltei me vi dirigindo o carro preto de vidros escuros. Page cantando Stairway to Heaven num volume baixo, ela me olhando do banco do carona com aqueles grandes olhos negros e eu já não sabia quantas arritmias meu coração alcançava por aquele momento. Eu não sabia para onde ir, nem como chegar lá, eu não sabia em qual marcha estava, ou se estava com o cabelo despenteado demais. Olhar para ela, ou para a pista? Em que dia estávamos afinal?

Finalmente ali eu conhecia a garota que por semanas conversei e comecei a conhecer pela internet. Estava encantado, nervoso, ansioso... Minhas mãos tremiam e eu tentava disfarçar evitando qualquer movimento desnecessário, elas ficavam no volante e só a direita saía para entrar a marcha. Era impossível não olhar para ela com o canto do olho e ela sempre estava lá olhando para mim.

O que ela estava pensando afinal?

A cada sinal vermelho uma parada para beijos e olhares mais profundos. Estar com ela é o único momento em que desejo que todos os sinais da cidade estejam vermelhos e que permaneçam assim. E espero até mais, tenho o desejo de todo tolo, que o tempo nunca passe, ou que pelo menos não tenha tanta pressa, enquanto estou ao seu lado. Mas ele é mau. Ele se diverte ao passar mais rápido, ao pular os segundos para chegar logo no minuto, ao cortar pela metade os minutos e gritar a hora. E assim o que rotineiramente se mostra como uma hora, com ela eram quatro. O tempo zomba da gente e do meu desejo de sempre estar com ela.

Foi-me preciso um par de curvas para as ideias voltarem ao eixo e o caminho se mostrar claro outra vez.  E a cada sinal que ficava para trás mais perto do Dragão ficávamos. Nosso primeiro encontro. Eu estava levando-a para onde eu tinha sempre vontade de conhecer, mas até aquele dia sempre arranjava desculpas para não ir. Não que eu nunca tenha ido, mas uma rápida passada pela cafeteria de lá e as tantas outras vezes que ia aos bares da rua de baixo para esquecer algo dentro das garrafas vazias de cerveja que ficavam em cima das mesas não me faziam um conhecedor da área. Mas eu não podia perder a pompa. Parei o carro, subimos pela escada de metal já de mãos dadas. Eu poderia ter jogado a culpa pelas mãos congeladas no ar do carro, mas ela parecia não se importar, talvez de tão nervosa quanto eu. Nosso primeiro beijo em pé foi naquela ponte, o Sol batendo no meu rosto com a força e a inimizade de sempre. Maldito Sol! Mas ela era mais importante, senti-la era tudo para mim naquele momento.

Eu não tinha a menor ideia do que faríamos ali, eu não conseguia falar, eu não sabia o que havia em exposição ali, e nem sabia do que ao certo ela gostava. Era um tiro no escuro. Eu sempre gostei disso, da sensação de que tudo pode dar errado, ou certo. Era um risco alto, mas a recompensa valia. Continuamos a caminhar até encontrarmos uma exposição e entramos. Um quarto escuro com um projetor no teto que jogava numa das paredes uma chuva leve e tranquila em um rio. No chão dali, dois puffs enormes e pretos, ou azuis, ou verdes, não dava para ter certeza da cor afinal. Caímos num e lá ficamos nos beijando. Eu a abraçava e apertava contra o meu corpo, mas a beijava com calma e sempre com carinho. Eu estava ali com a garota que conheci pela internet, quem poderia acreditar?

Entraram outros casais, pessoas solitárias, crianças em excursões escolares, eu podia ouvir tudo e todos, mas não tirava os olhos dos delas, por mais difícil que fosse vê-los em toda aquela escuridão, mas o verde da mata do rio ajudava. E então gentilmente nos expulsaram de lá, fomos convidados a visitar as outras salas da exposição, estouramos o tempo ali deitados. Era a primeira demonstração da maldade que ele pode fazer conosco. Passeamos pelas outras salas então e sem muita opção. Saímos em seguida.

Eu consigo lembrar a sua roupa, sapatilhas, calça jeans, a camisa polo feminino azul-marinho, e os óculos, ela usava óculos, assim como eu, e que lhe davam uma aparência de inteligente. Ela é inteligente, mais do que qualquer outra que conheci. Enquanto andávamos pelos corredores perdidos em nossos pensamentos e nos olhávamos com sorrisos que aos poucos perdiam o nervosismo daquele momento, caí fundo naqueles olhos que mais pareciam duas jabuticabas de tão pretos e redondos e brilhantes, acabei viajando e só voltei com um pensamento na cabeça. Eu estou fodido, estou apaixonado por essa garota! Quisera eu não estar, seria mais fácil assim das palavras saírem da boca, seria mais fácil de controlar as emoções, seria tudo mais fácil e menos verdadeiro.

Eu contava com a sua bondade para relevar todo o meu silêncio e nervosismo. Procuramos por outras coisas, passeamos por todo o Dragão, fomos ao cinema, e ele estava fechado, procuramos por outras salas com exposições, e estavam fechadas, a cafeteria também fechada. Droga! Que azar, cara! Agora ela já deve estar pensando que você nunca veio para cá e sequer planejou esse encontro. Eu achava ali que tinha perdido no jogo. Mas não.

Sentamos num dos muitos bancos brancos que tinham lá e lá ficamos. Ela à minha direita sentada e olhando e sorrindo para mim e eu sorrindo como um bobo, aos poucos as palavras iam saindo, mas logo eram interrompidas por um longo beijo. A conversa ficou naquilo, no básico. Nas estórias banais do dia-a-dia e nas curiosas também, nos interesses, nos estudos e até na família chegamos. Nós já sabíamos que nossos gostos pela música e pela leitura batiam pelas conversas virtuais. Queríamos mesmo era nos beijarmos.

Eu não sei explicar como o beijo funciona. Ele, para mim, é instintivo e natural como a respiração, apenas se sente a vontade e a atração de beijar alguém, e ali era tudo o que eu queria, beijá-la, e eles eram perfeitos, ou quase todos. Mas até a imperfeição do primeiro encontro e dos primeiros beijos transformava aquilo tudo em uma tarde perfeita, um casal de jovens sentados em um banco simples e branco, sob a sombra da marquise protegidos do sol forte e implacável que nos acerta forte todo o dia nessa cidade, aos beijos e abraços como se nada mais nos houvesse.

E então ele mais uma vez resolveu aparecer, o tempo. Três horas haviam se passado desde o começo. Eu ali parado dentro do carro preto, com o som tocando baixo Tem Years Gone do Led Zeppelin, esperando por ela em frente ao seu colégio. Então ela apareceu, linda, óculos na cara, cabelos nanquim, bolsa pendurada num dos ombros, o celular na outra mão e os olhos à procura do meu carro. Eu estava tão congelado de medo que a única reação minha àquilo foi buzinar, ela viu então o carro e veio, abaixou-se, tentou ver pelo vidro e puxou a porta, abaixou outra vez a cabeça e me viu com um sorriso nervoso, ela sorriu de volta e entrou e fechou a porta e veio na minha direção. Demos o nosso primeiro beijo. Inesperado seria a palavra, eu achava que ela iria beijar o meu rosto e eu estava preparado para beijar o seu rosto, quando dei por mim, os lábios dela estavam nos meus. Eu estava paralisado.

Horas depois e os nossos beijos já fluíam como a água que corria pelo rio da sala escura, levantamo-nos e fomos à cafeteria que finalmente estava aberta. Sentamos a uma mesa no canto e ela só queria água e nada mais. Achei engraçado e pedi uma água sem gás para ela e uma com gás para mim. Ficamos ali, bebendo água, nos beijando e rindo das conversas bobas que saíam. Eu cada vez mais ia me encantando por ela, de uma forma totalmente única e inesperada para mim. Eu era um completo bobo, nem parecia com o meu ‘comum’. E, de certo que é para mim, de tanto encanto e de tão bobo que estava, palavras acabaram me escapando ali. Eu disse que a queria como minha namorada, que queria aquele momento por mais vezes, ela ficou insegura quanto à resposta. E eu não liguei, disse que não tinha pressa e que queria outros encontros. Ela então aceitou. A conversa e os beijos continuaram até o final da tarde, era hora de irmos.


Lucas Sales Viana

terça-feira, maio 29, 2012

"Ela é louca..."


E sem nenhuma vontade eu me arrumava para sair naquela noite. Eu só queria ficar quieto, ler algum livro, ficar bêbado enquanto escrevia qualquer coisa, dormir ao som dos grilos que se escondiam atrás dos armários. No entanto, lá estava eu noutro apartamento, de um qualquer, ao telefone com o pai dela, que não fazia nenhum esforço para demonstrar gosto por me ver com ela.

- Eu cuido dela, ela vai ficar comigo durante a festa, e vai voltar comigo... Entendo a sua preocupação, é a sua filha (minha namorada, pensei)... Certo, vou deixá-la aí mais tarde, como quiser... Boa noite.

Horas depois estava lá eu na fila para conseguir entrar. Com um copo de cerveja morna na mão, esperava por ela e mais suas amigas chegarem jogando conversa fora com um bando de garotos mais novos que eu. Eu só conseguia pensar na minha cama e no meu copo favorito cheio de vodca e em que diabos de hora aquela garota ia aparecer afinal. Eu sorria em silêncio para o grupo enquanto eles se vangloriavam sobre qualquer merda que não lembro agora.

Finalmente ela ligou, eu já estava lá dentro, esperando-a com as entradas na mão, e ela estava lá fora, com toda aquela fila e com todas aquelas amigas. O que eu faria então? Não podia perder os ingressos, não podia mais sair para acompanhá-la numa enorme fila (eu até poderia, mas não estava com saco para mimá-la mais uma vez), decidi ficar ali mesmo, olhando para ela e para os lados e pensando em algo mais fácil. Veio-me a ideia, era interessante, hora do show. Conversar com as pessoas desconhecidas nunca me agradou, e às vezes nem mesmo com as conhecidas, a não ser para tirar favores delas, eu podia ser muito bom nisso. E lá estava eu de papo com o armário de quase dois metros de altura vestido com um paletó barato e gasto nas extremidades.

- Ela está comigo, amigo. - Apontei para a minha garota. – Ela inventou de sair da fila só pra se encontrar com as amigas e acabou se perdendo de mim. Abre aí para ela entrar. - Eu tinha ao meu lado um dos organizadores da festa, amigo de longa data, era o meu ponto de verdade em toda aquela inocente mentira. Ele acenou pro segurança, e o armário saiu do meio, elas entraram.

Mentir sempre foi uma das minhas melhores habilidades, eu estava um pouco enferrujado, não mentia há muito tempo, somente por ela.  Veja só, um homem é louco o suficiente por uma mulher quando abre mão de algo da sua natureza por ela, somente para vê-la sorrir. Bastava um sorriso dela e eu estava hipnotizado. Todas aquelas gargalhadas, aquelas pequenas rugas que ser formavam perto ao redor daqueles pequenos olhos verde-mel que se fechavam com todas aquelas risadas e tantos outros detalhes que aos poucos foram sumindo da minha memória cada vez que eu beijava o álcool desde o fim.

Cenas quaisquer se passaram e lá estávamos dentro da festa, eu com ela, ela com duas amigas coladas, e minha paciência dentro do quarto, assistindo futebol e segurando uma cerveja gelada. Uma amiga dela qualquer insistia em tirá-la de mim, e eu não estava com saco para joguinhos infantis, tirei a carteira, virei às costas para elas e fui ao bar, precisava de mais cerveja.

- Ô, amigo, desce uma bem gelada!

- Só tem lata, senhor.

- Lata gelada?

- Sim.

- Serve.

Abri e dei um gole, todo aquele liquido gelado e espumoso descendo pela minha garganta me fez sorrir. Eu sorria para uma cerveja, eu era um idiota. A minha garota dançava no meio da pista com as amigas e entre um gingado de cabelo e um sorriso para as amigas, ela procurava por mim sem sucesso, eu estava sentado no bar, afundado numa das cadeiras do balcão apenas rindo e assistindo ela dançar e me procurar, e pensando talvez no meu quarto e na minha máquina.

Terminei a primeira lata e paguei logo pela segunda. Ela veio mais gelada, eu estava mais feliz. Continuava sentado assistindo, até dois garotos se aproximarem da minha garota e da amiga mimada. Eu ria enquanto minha garota procurava aflita por mim. Os caras estavam sendo educados, eu não via problema nisso, afinal ela era linda. Ela via problema nisso, me caçou com os olhos por toda a pista enquanto arranjava tempo para dar seguidos foras no cara, contei quinze ‘nãos’ saindo daquela delicada boca e então levantei o braço para que ela conseguisse me achar. Ela me viu e me fuzilou com os olhos, eu ri, ela entrou na minha mente com um 'VEM LOGO, PORRA!' e eu balancei a cabeça. 'OK!'. Peguei minha cerveja, levantei e fui até ela, bati no ombro do cara.


- Hey, garoto, ela tá comigo. Eu estampava o maior sorriso sarcástico.

- Você é o namorado dela? Ele ainda tentava me desafiar... Ò, garoto inocente e idiota... Peguei-a pela cintura, puxei-a até o meu corpo e ainda segurando a lata com a mão esquerda, enfiei minha língua na boca dela.

-Okay! Desculpa aí, cara, não sabia que ela tinha namorado...

Ainda com a minha boca na dela, apenas levantei a cerveja e destaquei o dedo do meio para o garoto.

Primeira hora da madrugada e eu saía da festa com a quinta lata na mão, com o saco cheio por causa de uma discussão boba, com um dos botões da camisa rasgado por uma desconhecida e bêbada e tarada qualquer. Chamei um táxi.

- Boa noite, senhor!

- Me leva pra casa, amigo, não to com saco pra conversar. – Dei meu endereço e afundei no banco de trás.

- Mulher? – O taxista perguntou olhando pelo retrovisor central do carro.

- Ela é louca... – dei o último gole na cerveja, baixei o vidro, atirei a lata e levantei o vidro. Fechei os olhos 
e fingi dormir, não queria papo com ninguém, só queria entrar na minha cama.

'Ela é louca, e eu, idiota por ela.' Foi o último pensamento antes de tirar a roupa e entrar nas cobertas só de cueca.


Lucas Sales Viana

domingo, maio 06, 2012

Um coração partido e um homem fodido.

Numa noite tão especial e única a cada ano, em que a lua, que me é sempre tão linda e mística quando cheia, resolveu aparecer maior e de um brilho ofuscante e com uma beleza tal que por diversas vezes me fez parar hoje para admirá-la. Apenas erguia a vista ao céu, parava de pensar em tudo, uma de minhas tantas maldições, e passava a sentir algo bom que vinha daquela grande bola branca, eram curtos momentos de vacuidade.

Era noite de um dia inteiro de enxaqueca, sinto que não me servem mais esses óculos, mesmo assim todo aquele brilho não me incomodava. Eu ia sendo levado a um passeio em 'família', e tudo que me interessava era apenas ficar ali olhando pela janela do carro para o céu, me sentia infantil por fazer aquilo, mas me sentia feliz.

Eu poderia dizer que a noite foi completa ao, casualmente, entrar sem esperanças alguma, apenas por costume, na livraria de sempre e procurar entre os livros por algum exemplar de qualquer livro que ainda não tenha lido do 'velho safado'. Era uma noite única aquela, eu tinha exatamente ali quase todos os livros que me faltam ler a minha disposição, um sorriso me escapou e peguei logo três dele e um de Dostoievsky, mas não poderia comprar todos.

'As Mulheres' e 'O amor é um cão dos diabos' do Buko vieram, os outros terão que esperar por mais dinheiro, maldito dinheiro. Mas não importa, eu tenho o tempo ao meu lado. Aos poucos então eu vou lendo e conhecendo e me descobrindo dentro dos dois, de todos os já que lera.

Entrei nas mulheres do velho, com todo respeito a você, a elas e a ele, e me perdi nelas, lembrei-me da minha mais uma vez naquele dia, tentei ligar, mas sem sucesso, não é um dia de tanta sorte assim então. Pelo computador, consegui falar com você, mas eu estava longe, talvez na Lua. Você, minha garota, parecia cansada, foi para cama, me deu então um boa noite e um beijo. E eu fiquei com elas... E como Chinaski fala logo no começo da obra, 'Muito cara legal foi parar debaixo da ponte por causa de uma mulher.' A verdade dura da vida. Um coração partido e um homem fodido. Muito fodido.

É madrugada então de um novo dia, a lua continua cheia e brilhante como se não fosse outro dia, mas sim, é um outro dia, estamos em um domingo, mais um domingo nauseante como todos os domingos são. E algo me parecia incomodar aqui dentro, aquela sensação de 'estou esquecendo de algo'. Foi preciso mais de uma hora com essa coisa na cabeça e um aviso numa rede social para saber que hoje, seis, é o aniversário seu, a minha amada.

E como eu me sinto ao saber disso? Um lixo. Ou pelo menos um completo esquecido narcisista. Eu passei todo o sábado a lembrar de você, ao acordar e colocar a aliança no dedo já marcado, ao escovar os dentes e lembrar dos momentos em que escovamos os dentes juntos, jogando pasta um no outro e pedindo beijos com a boca cheia de espuma (tosco de fato, porém hilário). Ao pegar uma camisa branca limpa para vestir e vê-la vestida só com aquela mesma camisa. E então finalmente conseguir tomar um café segurando o riso bobo de quem está apaixonado por lembrar das besteiras que fazemos enquanto comemos.

Agora ela está sentada fazendo um simulado e eu estou aqui sentado assistindo um programa qualquer enquanto como, espero que ela esteja se saindo bem, não posso deixar de ligar mais tarde para ela. Cinco minutos depois e me veio a lembrança de que você sairia com suas amigas depois disso. Melhor não ligar, não quero atrapalhar esse momento. E caí nos livros. Qualquer coisa que me ajudasse a me desligar um pouco de você servia e foi servindo. Chegou a noite e eu me vi dentro do chuveiro, e mais uma lembrança me veio. Acho que ela já deve estar em casa, vou ligar quando voltar das compras, deve ser rápido, consigo falar com ela antes das dez. Eu estava ali tirando todos os pelos que sempre incomodam a você e à minha pequena irmã.

Faltava sete para as onze, eu estava em casa finalmente, nada saiu como o planejado, mas eu tinha um novo par de tênis para jogar, dois livros novos para ler, uma barriga cheia com o meu sanduíche favorito e um grande copo de coca e um biscoito com gotas de chocolate. Talvez ela ainda esteja acordada, não custa nada tentar. Mas o sinal do celular nesse local e nada é a mesma coisa, eu tinha em mãos um aparelho que só servia para uma emergência. Eu tinha nada afinal.

Liguei o computador e lá estava você, cansada e de poucas palavras, eu queria estar com você, cuidar de você. Mas, mesmo assim, eu não sabia que hoje era o seu aniversário, não até ver um aviso numa rede social qualquer. E como eu me sinto ao saber disso? Nada surpreso. Não consigo decorar os aniversários, sempre fui péssimo com datas, não seria hoje diferente. Mas eu me sinto ruim por não ter passado a véspera dele com você, mesmo que acompanhado das suas amigas. Não que seja isso ruim, mas apenas não conheço-as, e não sou tão fácil de lidar, você bem sabe disso.

E então chegamos a hora de agora, e o que eu devo fazer? Dormir, só me resta dormir. Talvez conhecer alguma mulher do velho em vão, pois nenhuma me interessa. Só você, meus olhos são pra você, e ouvidos e boca e corpo.

Amanhã as nove horas em ponto da manhã o celular irá me avisar que hoje é o seu dia. Mas para esse bobo que te ama, todos os dias são seus e sempre serão por mais que minha faculdade tome boa parte deles.

Então espero que você esteja esperando por uma ligação minha daqui a algumas horas, de certo que será pela tarde, não pela manhã por saber que você ainda tem outro simulado para fazer. Mas não duvide de ter aquela mensagem matinal no seu novo celular. Não espere por surpresa, ou espere, nunca se sabe o que pode surgir de um coração que ama.

Acho que posso terminar por aqui, mas não por hoje.



Lucas Sales Viana

segunda-feira, abril 16, 2012

Poesia sem rima e sem título um.

E ando as tantas sem ver-te, estrela
no meu pequeno e conturbado céu
Não ver você põe meus olhos à dúvida
Será que ela ainda estará lá?
O coração então entra
Estará! Espere pelas nuvens passarem
e lá estará sorrindo reluzente ela

Esperaria eu por toda uma vida para te ver
minha pequena estrela
mas me partiria o coração
se um dia as nuvens sumirem
e ao olhar para lá
não mais lá estiveres

Passei tempos à procura de algo eu
viajando e olhando por tantos céus
de todos os tipos, com todos os riscos
Deverias eu saber que escondias te tu
logo acá, acima de mim?

Discreta e brilhante e bela estrela,
só me faltava afinal limpar esses velhos óculos
e erguer então a vista alva ao céu teu
e descobrir ser o tal, nosso

Esperarei
sempre olhando acá
do primeiro raio escuro
ao último piscar antes do sonho
pelo teu sorriso
discreto e brilhante e belo.


Lucas Sales Viana

domingo, março 25, 2012

"Lembra-se de ontem, caminhávamos de mãos dadas... Eu sempre lembro de você através das noites sem dormir..."


CAP. 4
*

Em casa sentei em frente à máquina, coloquei a cerveja vazia no lixo e procurei por uma folha que pudesse usar. Eu tinha tudo pronto e apenas apertava as teclas como uma criança de antes fazia ao usar uma máquina de escrever pela primeira vez, uma a uma, sem saber o que está fazendo, ouvindo os ruídos engraçados que saíam daquela. Aquele papel em branco e todos os outros em pilha me deixavam em branco lá dentro, não conseguia pensar, ou o que conseguia pensar era inútil, levavam a nada, precisava de alguma coisa, parei por um instante. Peguei uma das canetas e comecei a rodá-la entre os dedos e fechei os olhos... Lembrei-me da caixa guardada com textos dos anos anteriores, alguma coisa dali me serviria. Fui ao armário e puxei uma mala grande, dentro dela muitos e muitos papéis com textos passados, sentei no chão e comecei a lê-los.

Aquilo estava uma completa bagunça, todos os textos estavam misturados, a pilha de roupa ainda cheirava a suor e álcool, a garrafa vazia de cerveja ainda sobre a mesa, os restos do notebook me lembravam que eu precisaria de um novo e que eu iria precisar de grana para isso, não podia pedir para os meus pais, não sem pelo menos ter uma boa desculpa, deixei para dizer que eu havia sido roubado para depois, ou que ele pegou chuva, ou qualquer outra coisa que naquele momento não era importante, eu só queria achar alguma coisa útil no meio daquela pilha de escritos. E lendo era se como eu estivesse vendo um monte de fotografias bagunçadas minhas que abriam caminhos dentro da minha cabeça, decidi começar a organizar tudo. Precisei de horas de rápidas leituras para conseguir organizar tudo em pequenas pilhas. Pegava um texto, lia rapidamente um parágrafo e já sabia se ali falava da minha infância, ou alguma saída noturna, ou de algum personagem que morava em mim e tomava vida nas pequenas estórias.

 Foi então que achei um, ‘o primeiro’, como eu o chamo. Bastou a primeira linha e lembranças bateram à porta, como pequenas crianças a pedir esmola no vidro do seu carro enquanto está parado em um sinal de um cruzamento de uma rua qualquer. Por mais que você queira baixar o vidro e dar um pouco de alegria com algumas moedas para aquelas crianças, sabe que aquilo é errado, não vai resolver a situação, era assim que eu me sentia ao ler aquilo, rapidamente joguei sobre a pilha identificada com o nome dela. Ela tinha uma pilha só para os textos dela.

Coloquei na mão outro papel e passei a lê-lo, deu-me vontade de atear fogo a todos aqueles textos como fazia na adolescência, onde escrevia por pura insônia. Por não conseguir silenciar todas as vozes internas, muitas vezes me levantava da cama e ia escrever até conseguir ouvir o silêncio delas, depois disso, guardava o papel dentro do travesseiro para no dia seguinte, logo ao acordar, ir para o quintal e atear fogo e ficar assistindo àquilo, era outro momento em que tinha silêncio, todas as vozes silenciavam-se, eu silenciava e ficava encarando aquelas chamas e o barulho delas queimando o papel embebido em álcool. Ver essa mala cheia de textos queimando, seria algo libertador, mas eu não procurava por essa liberdade, eu queria achar uma saída do meu problema neles. E então me lembrei de outro momento que tive com ela. O dia em que ela me pediu para não fazer mais isso e que queria um dia ver alguma coisa minha.

Terminei de brincar de me organizar, por mais que eu tentasse me impedir de continuar lembrando o nosso tempo juntos, aquele não era o momento, eu fedia a suor, a álcool e um tanto de derrota, a ideia de um tomar um banho era a melhor entre todas as outras que apareciam na minha cabeça. Fora a melhor ideia que tive e teria naquele dia, o barulho da água sempre me acalmava.

Tirei a cueca e abri a ducha, a água estava gelada o suficiente para me dar um susto e me enrugar a pele que encobre as bolas, entrei com mais vontade e tremendo de frio, minutos debaixo dela depois e eu já estava acostumado a sua temperatura. Como na infância, pressionei com as mãos em forma de concha e cheias de água as orelhas e fechei os olhos, a sensação era a mesma de quando ficava boiando sobre a água de barriga para cima, é relaxante e sempre me faz pensar com mais clareza, eu tenho pequenas epifanias nesses momentos. Foi então que eu vi que precisava enfrentar realmente todos aqueles textos, eles eram eu em forma de palavras e sentenças e estórias, algo me disse que era ali que encontraria minha saída para todos os problemas que tive e que me estragou o ano. Fiquei mais cinco minutos naquilo, a água batendo forte nos meus trapézios e costas era uma ótima massagem, senti-me relaxado, calmo. Saí.

*


Lucas Sales Viana

domingo, março 18, 2012

"If I Fell"

Então eu me apaixonei por você
e você foi verdadeira para mim
fez-me entender
(Pois outrora já me apaixonei)
que o nosso amor é mais
mais que apenas um segurar de mãos.

E o meu coração é seu
os retalhos dele são seus
e eu tenho certeza
que me ama mais que qualquer outra.

E eu confio ele a você,
então por favor
não suma, tampouco se esconda
Eu te amo, por favor
não me magoe.

Porque eu não aguentaria
e ficaria triste se o nosso amor fosse em vão
Então eu espero que você veja
que eu amo amar você
e hoje eu aprendi
que nós somos dois
perfeitos imperfeitos.

Eu amo você!


Lucas Sales Viana

segunda-feira, março 05, 2012

"Eu vou caminhar com o símbolo da minha sombra em seu jardim de pedras."


CAP.3
*

Voltei para o quarto, deixei de escovar os dentes e fui direto para a mesa, queria responder àquilo. Não conseguia parar de pensar naquela frase, nem conseguia mais escrever nada. Estava com um bloqueio. Parei por um tempo. Procurei pelo laptop, peguei a garrafa de vodca e coloquei uma dose no copo, fui até a geladeira e peguei uma caixa de suco de laranja daqueles industrializados e o enchi, voltei para o notebook e coloquei uma música das tantas que tinha na memória daquela máquina. A barra preta começou a piscar no topo da folha virtual.

Comecei. Mas nada vinha, escrevia, lia e apagava. Fui tomando aquele suco e olhando para a página e pensando e aquela barra piscante foi se transformando num verdadeiro muro dentro da minha mente, um grande e preto e alto muro, nada conseguiu passar. Senti-me irado, joguei com força o computador contra a parede, o barulho da tela se despedaçando em incontáveis pedaços de vidros me deixou mais calmo. Resolvi não mexer mais em nada que envolvesse papéis e letras, saí para uma caminhada em direção a lugar nenhum apenas precisava caminhar e pensar em alguma coisa. Nada parecia certo ali. Coloquei uma calça de jeans surrada, uma camiseta de mangas branca, um par de chinelos pretos e os óculos escuros e saí do meu apartamento. Ganhei a rua.

Caminhei por alguns minutos concentrado em chutar uma pedra, consegui levá-la por umas três quadras, talvez mais, fui parar numa praça daquelas grandes e velhas, não conseguia escrever, não conseguia pensar em nada com clareza, ainda via aquela parede negra me bloqueando, mas não ia me desesperar, eu estava fodido afinal, não podia fazer mais nada, eu apenas resolvi esperar para ver qual era a peça que o Deus ia realizar para responder à altura o meu desafio mais cedo feito. Resolvi sentar num bar da esquina do outro lado da rua, podia ver da minha mesa toda a praça e algumas casas ao redor. Pedi por uma cerveja e alguns pastéis, daqueles pequenos de vários sabores, qualquer coisa parar mastigar e beber já faria daquele momento um pouco melhor. A cerveja veio e os pastéis minutos depois já com outra cerveja. Não conseguia pensar em nada útil, em nada que me ajudasse com todos aqueles problemas, como eu podia me ajudar a melhorar, aquela parede negra parecia aumentar ou era apenas eu que não queria ver até onde ela ia, resolvi pedir por outra cerveja.

Enquanto bebia a terceira cerveja e comia outro pastelzinho, o jardim de uma das casas me chamou atenção, era bem cuidado e tinha grandes roseiras com todos aqueles espinhos, acúleos seria o nome certo, mas sempre vou chamar de espinhos, os dois furam do mesmo jeito e doi um bocado. Uma das rosas se destacava com o brilho do sol que batia nela e foi ali que a parede mostrou uma porta e eu entrei rápido.

Lembrei-me do jardim que construí no quintal da minha primeira casa há dois anos.

Como já me era de costume não conseguia dormir e estava empenhado em ficar acordado por mais aquela madrugada, ouvi deitado os primeiros passos de minha mãe entrando na cozinha pelo corredor. Esperei pelos primeiros barulhos, como o do liquidificador que ela ligava toda manhã para fazer alguma vitamina, ou das panelas que se batiam umas nas outras enquanto ela escolhia uma para preparar o seu sanduíche.

Levantei da cama, abri a porta do quarto e fui até o banheiro. Rosto lavado, dentes escovados e bexiga aliviada, depois disso eu fui para a cozinha. Minha mãe pareceu surpresa.

Acordado já essa hora, filho? Pesadelos, mãe, pesadelos...

Não tinha fome naquela hora e decidi ir até a porta que separava o quintal da nossa cozinha, olhei os pássaros que pousavam ali procurando comida e água. Coloquei um pouco de alpiste no chão e água em vasilhas rasas e voltei para olhar pela porta. Mais pássaros apareciam e voavam e voltavam e brigavam com os outros que tentavam alcançar um pouco de comida. Uma rosa branca brilhava com o sol. Aquela rosa puxou a minha atenção até ela, era linda e grande e de um branco perfeito, eu me senti feliz naquele momento, bobo até. Bobo o suficiente para dizer algo que não costumava dizer.

Mãe, vou construir um jardim para a senhora! Não, cara, para de falar, isso não é uma boa ideia. Eu tentava me salvar de todo trabalho. Mas eu continuei. Não acho legal que flores tão bonitas fiquem nesses vasos, vou construir um jardim e vou colocar rosas nele, só rosas. Isso é ótimo, meu filho, faça mesmo!

Assim que terminei a frase, me arrependi. Quem é você, cara? Eu estava com tanto sono assim, a ponto de prejudicar meu julgamento? Ou estava apaixonado por aquela flor e pela ideia de cuidar de tantas outras? Mas não podia voltar atrás, eu deveria fazer, dera minha palavra. E fiz.

Dois dias depois com uma marreta na mão e uma peça de metal pontiaguda que não sei o nome na outra comecei a partir o chão de cimento do quintal. Fazia calor, o brilho do sol me irritava, eu ganhei calos fantásticos ali, mas não iria parar, aquilo me deixava com raiva e eu a usava para quebrar todo o chão onde iria ser o novo jardim. Quebrei tudo em um só dia e retirei todas aquelas pedras que havia, deixei só a terra compactada.

No dia seguinte com uma pá e com as mãos vermelhas e doloridas tirei toda aquela terra e troquei por outra que havia comprado no primeiro dia do projeto, antes de começar a quebrar, numa loja de jardinagem junto com os primeiros equipamentos que usaria para cuidar do jardim. Depois de trocar toda a terra, coloquei adubo e fertilizante e misturei tudo, por fim joguei água. Era hora de descansar. Fiz o cercado da área com tijolos de decoração daqueles usados para jardim.

No último dia, tirei as roseiras que estavam nos jarros e plantei-as naquela terra fresca, coloquei outras novas, joguei mais um pouco de água e pronto. Tinha terminado aquele jardim e a rosa ainda estava lá, sem todo o brilho dos seus primeiros dias, mas estava lá. Guardei as ferramentas e voltei para a porta e então olhei de longe. Parecia certo aquilo, no final o esforço não fora um erro. 

Essa primeira lembrança era dos meus 19 anos e antes de começar a cursar o meu primeiro ano de faculdade resolvi construir o jardim. Era um período interessante aquele, estava à procura de coisas que me interessavam, e construir aquele pequeno jardim era só o começo delas...

Mas tudo isso não passou do reflexo da minha ansiedade pelo que viria naquele ano, faculdade pela primeira vez, uma filosofia nova, pessoas novas, garotas novas e eu. Eu tinha um mau pressentimento sobre todas essas novidades, tenho certa resistência ao que é novo e foi o que aconteceu durante o ano todo, ou quase todo ele.

Pedi por outra cerveja e pela conta, saí com a cerveja na mão e continuei a caminhar sem direção. Passei pela casa das flores, elas eram tão bem cuidadas quantos as que eu tive, tentei alcançar uma das rosas, meu braço não conseguia alcançar nenhuma delas, a grade me impedia de chegar mais perto. Dali eu não tinha para onde ir a não ser outro bar, ou para casa. Decidi ir para casa, era a minha chance de conseguir escrever algo. Parei numa farmácia, peguei um antiácido, aqueles pastéis me deram uma bela azia. 

*


Lucas Sales Viana

domingo, fevereiro 26, 2012

"E não adianta ligar sua luz, baby. Estou do lado escuro da estrada."


CAP.2
*

E assim terminou o dia em que resolvi fazer algo por mim, não foi um dos meus melhores anos aquele, pra ser sincero foi o pior. Eu estava no meu pior. E com aquela linha eu iria começar no outro dia um novo momento. Todos temos uma frase que gostamos de repetir a si mesmos em momentos de dificuldades, e ela se tornou a minha frase motivacional pessoal mas nunca gostei de repeti-lá, é muito forte, mas é a verdade. Era tão raro, talvez naquele dia fosse a terceira vez que eu usava aquela frase, mas era a primeira em que o meu eu bêbado usava e a primeira também em que ela mais se encaixava ao que eu sentia. Mas foi preciso, era a mensagem que o corajoso bêbado deixava para o sóbrio covarde.

Eu começava o dia seguinte com o sol do começo de tarde que entrava pela janela me queimando as pernas, sentia sono, sentia cansaço, tentei fugir dos raios do sol, não era possível. Sem escolhas me sentei na cama e a primeira coisa que me veio à cabeça foi dor. Abri os olhos e o brilho do sol refletido no metal do copo vazio na cabeceira da cama e o cheiro de vodca misturado ao suor que vinha de uma pilha de roupas num dos cantos do quarto me fez ter uma dor maior.

Levantei-me e fui até o banheiro, abri a torneira e joguei água um par de vezes no rosto, passei a mão no rosto e ainda tinha todos aqueles pelos, nada havia mudado. Mijei.  De volta ao quarto, peguei aquele papel preso à máquina e li. Fiquei com raiva, amassei e joguei na lixeira. Sentei-me na cama com as mãos no rosto, sentia o gosto amargo do mau hálito e da derrota. Por um instante senti que ia chorar. Filho da puta! Gritei para mim, resolvi pegar o papel de volta. Li aquilo outra vez.

Você é um nada.

E outra em voz alta.

Você é um nada.

Sem exclamações. Sem explicações. Apenas uma simples frase. Fria, dura e verdadeira. Sentia-me desesperado, sabia que estava desesperado, não sabia para onde ir e bebia sempre. Fugia. Mesmo assim, o bêbado corajoso não fizera nada errado. Foi apenas frio, duro e verdadeiro. Cai na cama e fechei os olhos e não vi mais aquela luz, nenhuma outra, era apenas escuro e com essa frase em letras brancas e grandes e brilhantes como um grande letreiro de um motel de beira de estrada. Voltei com apenas uma coisa em mente, sede.

Fui à cozinha e tomei um grande copo d’água gelada. Pensei em fazer algo para comer, peguei uma chaleira, coloquei água, coloquei-a no fogo e o acendi. Peguei uma caixa de cereal do armário e uma tigela do outro e uma colher da gaveta ao lado do fogão. Derramei um tanto na tigela. Coloquei a caixa de volta, tirei o café em pó, coloquei em uma caneca e procurei pelo açúcar... A chaleira apitou e não conseguia achar o açúcar, sabia que havia um pouco em algum lugar, procurei pelos armários e nada. Decidi olhar dentro da geladeira e lá dentro mais um pouco de nada. Algumas frutas, água, um sanduíche do começo da semana. Precisava fazer as compras.

Porra! Café amargo é o que eu mais preciso agora... O que mais pode acontecer para tornar esse dia melhor?

Não sabia o que viria naquele dia, mas senti que acabara de fazer uma grande besteira, senti que desafiara algo superior naquele momento e ele estava se aprontando para responder àquela afronta.

Que grande merda acabei de fazer!

Esse foi o último pensamento antes de colocar Bob Dylan para tocar e de me sentar à mesa da cozinha e comer aquela tigela e beber a pouco gosto aquele café que parecia mais amargo naquele dia. E mastiguei sem pensar e frustrado, quase nada feliz.

*


Lucas Sales Viana

quinta-feira, fevereiro 16, 2012

"Homem de Nada, não é alguma coisa?"


CAP.1
*

É agora. Essa é a hora. Eu repetia aquelas frases dentro da minha cabeça em frente ao espelho do banheiro enquanto via a barba crescer. Apenas olhava para todos aqueles pelos e para os que encravavam. Entre um cravo e outro que ia estourando, pensava em tudo que estava acontecendo e em tudo que acontecera naquele maldito ano.

Aquele momento tornara-se comum. Mais uma noite em claro, mais uma no ano, talvez eu alcançasse ali um novo recorde pessoal naquele, mais um dos ruins. Eu me perguntava até quando iria durar, sabia que estava apanhando e não conseguia reagir. Era covarde, talvez fosse isso. E talvez, naquele momento, eu decidia ali algo grande. Decidi que era para eu começar mais uma vez. Eu criara ali um novo objetivo (era o mesmo no final das contas), eu só precisaria de novos caminhos para chegar nele e novas motivações. E de onde aquele objetivo partiu, eu sabia que a motivação deveria sair de lá também.

E com aquela pouca coragem reunida naqueles dez ou mais minutos em frente ao espelho caminhei de volta ao quarto e não olhei para mais nada, apenas fui até a cama e deitei-me. Mal conseguia piscar, enquanto meus olhos encaravam o teto do quarto dentro de mim eu procurava em cada porta por aquilo que eu sentia falta a um longo tempo e não tinha coragem de procurar, meu equilíbrio, a minha essência. Ela estava ali dentro de mim acuada em algum canto escuro da minha mente, eu precisava procurar por ela. Um homem precisa ter fé em algo. E aquela ideia fixa sobre algo essencial era a minha luz.

E eu continuei naquele ritual mental de procura até a estafa. Apaguei, depois de três dias sem conseguir dormir eu estava finalmente dormindo. E na minha mente eu continuava correndo pelos corredores e abrindo portas e entrando em salas e quartos e porões. Numa das portas algo terrível me acordou, não lembro hoje do que era, acordei assustado e suado, não me sentia bem, sentia uma angústia, um aperto no coração. Era algo ruim, acendi o abajur, procurei por algum copo de água que tivesse deixado pelo quarto, mas só vi uma garrafa de cerveja com pouco mais de um gole de cerveja quente nela, bebi com cara feia, e fui para a máquina de escrever. Mal conseguia andar com todo aquele sono atrasado, mas não queria dormir ainda, pelo menos não enquanto aquilo estivesse por perto.

Sentei, estralei os dedos e procurei por uma folha limpa para colocar na máquina e parei. Olhei por certo tempo para a folha e para as outras que estavam numa pilha ao lado. Vacilei, quase desisti, não queria tentar lembrar o sonho, quero dizer, uma vez eu li que depois de alguns minutos acordado quase todo o nosso sonho é apagado, e ele já estava indo embora assim como a maioria. Decidi tentar.

Não sabia como começar, não sabia se deveria falar somente daquele sonho, ou se deveria fazer mais, tentei uma, terminei e tirei a folha. Li, não gostei e amassei. Tentei com outra da pilha... Tentei mais vezes. Nenhuma parecia boa, meu medo daquilo não me deixava escrever. Olhei para a cama, senti a derrota pelo corpo mais uma vez, precisava me deitar, meu corpo pedia por algumas horas de sono, precisava escrever também, precisava de algo afinal e não tinha nada até ali. Decidi tentar dormir, tirei a folha da máquina, devolvi à pilha e me levantei. Deitei-me...

Em vão. Não conseguia parar de pensar, na verdade não conseguia controlar os pensamentos. Fantasmas rodavam a minha cabeça, continuavam rodando e se multiplicando e gritavam e me arrastavam e bagunçavam as minhas ideias com eles. Levantei-me irritado, fui até o armário, tirei uma garrafa de vodca e um copo de metal guardado por uma toalha pequena, daquelas de rosto. Coloquei uma dose das grandes, pura, precisava de algo forte para me derrubar, andava em voltas com o copo na mão pelo quarto, continuei colocando copo após copo e então ouvi o silêncio dentro da cabeça e a tontura também. Tive uma última ideia. Fui até a máquina, com certa dificuldade coloquei o papel de novo e escrevi uma linha, somente uma e então me deitei. Dormi.

*


Lucas Sales Viana

terça-feira, fevereiro 07, 2012

Não há mais lua para nós.

E enquanto eu dirigia pelas ruas ao som de Jim Morrison, suas músicas cheias de mensagens e significados me ajudavam a pensar, eu reforçava mentalmente a ideia de não quebrar o meu código, a ideia de ajudá-la independente da nossa situação naquele momento. Tive momentos em que a outra voz me dizia para fazer o retorno na próxima esquina e fingir que nada daquilo havia acontecido. Que eu apenas saíra para comprar alguma garrafa de vodca e algo para comer.
Mas não podia, não era e nem sou covarde, nem tão egoísta quanto ela afirmou uma vez. Então eu estava ali, carro estacionado, chave no bolso, sentimentos no outro e caminhava sem pressa até ela, sentada e falando besteiras e sorrindo para os seus amigos. E na minha cabeça um pensamento. Para que tanto fingimento?
Ela me olhou e me abriu um sorriso fraco e tive ali pena, eu a via chorando por dentro, o seu desespero, e a forma como me via, como um último recurso, um sorriso entre lágrimas. Uma pena. E eu me sentei numa cadeira e fiquei ali calado, sem sorrisos, sem expressões, apenas sentado. Esperando um movimento. E eu respondia a ela. Sim. Não. Vamos, acabe de comer para que eu possa pagar. Os amigos se foram e restamos nós. Esperei repetindo mentalmente alguma música do Vedder. Depois de engolir o último pedaço ela me olhou com aqueles olhos borrados. Ainda vamos nos casar. Não. Procurei por motivos para todo aquele teatro que ela fazia para divertir a todos e  não me veio nenhum e então eu levantei e paguei a conta. Saímos.
Agarrada ao meu ombro ela foi até a sua casa e nós ali conversamos. Insistiu ainda em manter a pose. Fui frio. Quando você vai aprender que eu vejo por essa sua máscara, é inútil seu esforço para se manter com ela e fingir que está tudo bem, olhe para você, veja a merda em que se meteu... E então ela desabou ao perceber que eu estava certo e chorou como nunca antes eu tinha visto, foi a única surpresa.
Comprei água e chocolate, ver uma mulher chorar me parte o coração, e fiquei naquela conversa enquanto ela comia e bebia até melhorar. Ela falou mais uma vez que íamos no casar. É impossível que isso aconteça, pensei. Apenas ignorei e continuei a falar e a balançar de leve a cabeça de forma a negar aquele desejo. Ela percebeu e me perguntou o porquê. Apenas não. Ela entrou.
Voltei tranquilo, calmo no andar, e com pena dela. Nessa caminhada soltei todo o silêncio daquela conversa e fui falando sozinho numa noite sem lua e sem estrelas de uma cidade suja e barulhenta numa rua interditada para uma reforma qualquer, minhas sandálias estavam cheias de areia. Alguém na janela do seu prédio talvez ouvisse aquele solitário lamento com tom de mágoa. Você me virou o rosto quando eu mais precisei, no meu pior momento. Um único teste, e você tomou o caminho errado para nós. Escolheu por você e pelas fantasias plantadas na sua cabeça e foi sem olhar para trás, o que foi cruel. Você nunca olhou para trás em nenhuma das nossas despedidas, isso parte o coração de um homem. E é isso que você tem hoje, você, sozinha e tão somente. E o meu sentimento de pena também.
E é assim que vivemos, minha cara, escolhas, não mais que escolhas, quase todas irreparáveis, sem segunda chance. E numa escolha impensada você tem sua vida virada ao avesso em segundos. Eu sei bem disso.


Lucas Sales Viana

sábado, janeiro 14, 2012

"Estou com você..."

Ele pensava em tudo que já falara para ela e o quanto não gostava das despedidas e de toda a dificuldade que ele tem em se despedir dela em especial. Por mais que passassem horas juntos num dia, ou horas ao telefone ou até mesmo pelo skype, em todas as vezes que precisava se despedir não conseguia fazê-lo tão fácil.

E enquanto ouvia uma música depois de terminar uma ligação dela percebeu aquilo, aquele incômodo de toda despedida e então soube explicar e falou ali mesmo, sozinho, ninguém para ouvir além dele, ela já estaria deitada, ou buscando um copo d'água, ou escovando os dentes antes de ir à cama...

Ele via na sua frente em filme tudo que já acontecera a eles, todos os empecilhos, todas as discussões, os desencontros e então todo o esforço dos dois para se reconquistarem em oportunidades diferentes. O dia em que a viu pela primeira vez na frente daquele colégio. O dia em que ela educadamente o dispensou. Os dias em que ele bem depois tentou voltar a falar com ela e a chamar para sair que lhe renderam lindos 'bolos'. O dia em que ela lhe foi sincera como nunca e como ele ficou em choque. O dia em que ele de forma estúpida a dispensou. As semanas em que ele ficou louco ao perceber a merda que fizera. Os meses em que ele passou para tentar reconquistar aquela que era a melhor de todas. E todos os dias em que ele não deixa de pensar em como conquistá-la mais e mais.

E a música acabou, olhou para aquela aliança na mão direita e lembrou daquele dia, reiniciou a música e continuou a lembrar e então sabia o que escrever, encontrara um pouco de água naquele poço quase seco.

*

E depois de tudo que já passamos nesses dois anos, desencontros, encontros, e então isso. ISSO! Finalmente vimos o quanto somos importantes para o outro, o quanto nos amamos, o amor que construímos nesses meses juntos é algo único, algo que eu nunca tive e nunca dei, verdadeiro, mágico.

E só tem uma coisa que me incomoda nisso tudo, me despedir de você, ouvir você se despedindo no telefone, ver você saindo dos meus braços, seus lábios indo noutra direção dos meus, você abrindo a porta do meu carro e saindo por ela, ver você saindo pela 'nossa' porta. E a cada dia eu sinto nosso amor crescer. E toda vez que você passa por aquela porta, um medo bobo me corre a espinha, de não te ver, nem te abraçar nunca mais. Só fique comigo mais um pouco, quero nossos sorrisos alegres em frente ao nosso espelho mais uma vez.

*


Lucas Sales Viana

terça-feira, janeiro 03, 2012

Pegar o longo caminho para casa...


...

Como você já sabe, não sou um ‘escritor’ como você gosta de dizer, para ser sincero não gosto da conotação que essa palavra recebeu com as últimas levas de fazedores de livros que buscam apenas o dinheiro, agora conhecidos por esse nome. Tudo que eu sou é apenas uma necessidade de colocar palavras em um papel de forma tal que expressem exatamente o que eu penso nessa não tão pequena cabeça...

E então lá vamos nós para mais um retorno nesse blog, não tão retorno, talvez uma simples mensagem de despedida, não estou com cabeça para continuar com textos pequenos, não que sejam ruins, pelo contrário, são ótimos e me sinto bem em fazê-los, apenas sei que o que está aqui não caberia nem com muito esforço e resumo num simples e pequeno texto, talvez até coubesse, mas não ficaria claro para as muitas perguntas que surgem em pequenos textos, não, melhor não, algumas vezes você tem que fazer o caminho mais longo e difícil, mesmo com outras opções. Tudo que eu quero agora é do meu jeito estranho ser um cara normal e pegar o longo caminho para casa.

...

P.s: Como pode ver, voltei com o blog que você tanto me perguntava o porquê de ter apagado. Não vou apagá-lo de novo... Por enquanto... Mas não garanto colocar tantos textos como fazia. Como disse, não ando fazendo pequenos textos ultimamente, a não ser por esse, claro. E sim, essa parte está naquela ideia que te mostrei, mas só te mostrei o começo, vou guardar por um tempo isso e ver como vai terminar essa coisa. E você deve estar cheia de perguntas nessa linda cabeça, aposto.

Cansei de escrever, é só.